sexta-feira, 16 de outubro de 2015

DA MINHA ALDEIA
                                                                     

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer

Porque eu sou do tamanho do que vejo
E n
ão do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena

Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,

Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,

Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
                                                                                    Fernando Pessoa



Estamos distanciados da Natureza-Mãe provedora de todas os recursos necessários à manutenção da vida no planeta, inclusive da nossa espécie. Nossos filhotes nascem tendo como referência de fonte e provisão as grandes corporações e empresas que exploram os recursos naturais e produzem bens, estes tão desejados. Logo aprendem a ler suas assinaturas de logos, que se espalham por toda parte da urbe, muito antes de decifrarem as palavras.

Principalmente as crianças urbanas, filhas da cidade grande, estão alijadas da cadeia produtiva, e a origem das coisas ganhou sentido nebuloso ou imediatista, criando realidades surreais e perigosas:  vacas são “quadradinhas” em sua roupa de tetrapack, já que o leite vem da caixinha; frangos não tem cabeça, são despenados e um tanto quanto frios, muito diferentes das galinhas das histórias. Cocó e galinha são coisas bem diferentes. Bifinho não é boi, e o açúcar vem das nuvens ou do mercado. Crescendo sem se dar conta de onde as coisas vêm, crescem sem compreender os processos e os ciclos, sem compreender os fluxos e demandas da vida. Sem ligar o plantar ao colher. Logo se tornarão adultos ambientalmente irresponsáveis. Consumidores sem controle. Precisamos urgentemente fazer o caminho de volta -religarmos os fluxos da nossa vida à Natureza que é mãe.
Em nossas escolas nosso movimento de retornar de reaproximar tem se traduzido em cartilhas de cantigas musicalmente pobres e montanhas de papel verde. Reduzimos a formadora e disciplinadora compreensão dos processos ecológicos por eufóricos gritos de guerra. Torcemos pela Natureza de maneira menos enfática que pelos times de futebol- e é fácil compreender uma vida sem os campeonatos ou olimpíadas, mas sem recursos naturais e saúde ambiental...
Em nossas escolas o movimento de retorno de reintegração tem se constituído de uma cartilha de cantigas de baixa qualidade musical e por montanhas de papel verde. Substituímos a coisa pela representação da coisa, o que segundo Rousseau, nos fará conhecer a reapresentação e ignorar a coisa em si. Nossos jardins são de palavras e as florestas de maquetes intermináveis. Só conhecemos nosso lugar, a geografia do viver sob a perspectiva das realizações humanas, apresentamos as crianças aos mercados, à moeda, aos objetos, as industrias, mas crescemos ignorando  nosso próprio jardim.
 Se quisermos ser maiores do que somos, sendo do tamanho do que vemos, como afirma Fernando Pessoa, precisamos ver para além de nosso umbigo e fazer crescer nossa aldeia para além dos limites das embalagens.
 Esse caminho, que não é novo, tem sido trilhado por muitos, em muitos países, como no Centro para Alfabetização Ecológica em Berkeley dirigido por Fritjof Capra. Todo conhecimento têm sido partilhado nas redes em forma de publicações e vídeos, para impulsionar novas práticas. O tempo urge:
  " Nas próximas décadas, a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica", destacou o físico. Para Capra, ser ecologicamente alfabetizado (ecoliterate) significa entender os princípios básicos da ecologia que os ecossistemas  desenvolveram para manter a 'teia da vida'... "No Centro para Alfabetização Ecológica em Berkeley, meus colegas de trabalho e eu desenvolvemos uma pedagogia especial para ensinar nas nossas escolas esses princípios da ecologia e as ferramentas que são necessárias para construir e alimentar comunidades sustentáveis"...
( http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2015/julho/fritjof-capra-sobrevivencia-da-humanidade)

Endereçamento ecológico: Alunos da Parque sendo apresentados a um ambiente vizinho à escola.





Um comentário:

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